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Todas as povoações têm uma história e
Melides não foge a regra. Pode ser uma História que se embrenha nos longínquos
séculos ou então recente de algumas dezenas de anos. Não é este último o
caso de Melides. O monumento megalítico da Pedra Branca, as Grutas da Cerca do
Zambujal e do Lagar, a necrópole de Cistas de Casa Velhas são a prova da
existência de civilizações naquele local há milhares de anos.
Civilização que foram deixando os seus vestígios para as gerações vindouras, que
contribuíram, directamente, para o que hoje existe, como existe e porque existe.
Mas a história não é toda conhecida. Grande parte fica perdida na névoa
que o tempo arrasta. Aqui e além surgem marcos que permitem recuar no tempo e
abrir as portas do passado. Mas nem sempre isto é possível e algumas portas
continuam irremediavelmente fechadas. Já falámos dos monumentos
neolíticos existentes e que importa proteger. Passemos agora a um passado mais
recente. Melides fez parte do concelho de Santiago do Cacém até 24 de
Outubro de 1855, data do decreto que transferiu esta Freguesia para o Concelho
de Grândola. No entanto, a 22 de Dezembro de 1870 passa novamente para o
Concelho de Santiago do Cacém, sendo de novo anexada ao Concelho de Grândola em
26 de Setembro de 1895, situação que se manteve. O antigo orago desta
Freguesia era Santa Marinha, cujo igreja ainda existe, embora bastante
degradada, talvez um indicador que em tempos idos a povoação teria outra
localização diferente da actual. O certo é que em 7 de Novembro de 1634
surge uma carta pedindo permissão ao Rei para se construir uma nova igreja, que
viria a ser o Templo Paroquial de S. Pedro, novo patrono da freguesia. Esta
igreja viria a ficar totalmente destruída devido ao terramoto de 1755, sendo
posteriormente reconstruída. Mas outros motivos existem para falar de
Melides. A existência dos olhos de água, a actual Fonte dos Olhos que por acção
da Junta de Freguesia se está a transformar num local aprazível, deve ter
contribuído para fixar ali próximo a população. Além disso o curso de água que a
partir dali se formava fazia remover quatro moinhos (azenhas) durante todo o
ano. A actividade económica assenta na agricultura, existindo algumas
cerâmicas e manufactura de rolhas de cortiça. Até 1833, o vinho ocupava o
principal papel na produção agrícola, seguindo-se o milho, o feijão, o centeio,
o trigo, e o linho. A partir de 1835, começa a ser cultivado o arroz na extensa
várzea que vai até à lagoa que confina com o mar. Tinham ainda montados e
olivais e extensos pinhais em que outrora se fizeram cortes para a reedificação
das fortalezas do reino, como sucedeu em 1716 e 1731. Possuia muitas colmeias e
criação de gado suíno e caprino. No entanto uma outra questão se coloca
a para a qual, presentemente, não existe uma resposta elucidativa. Tem a ver com
o topónimo Melides. No Dicionário Coreográfico, de Américo Costa, refere-se que
o nome da Freguesia resulta de uma corruptela de «Mil Lides» e que este nome lhe
proveio de grandes batalhas que aqui houve em tempo antigos. Entretanto,
em conversas com o senhor Carlos Palhinhas Candeias, uma outra versão surgiu e
que parece mais plausível. Segundo ele, a sua progenitora contava por
vezes naquela época já distante em que a tradição oral substituía a televisão e
prolongava no tempo as histórias havidas, a origem do nome da terra. São duas as
versões.
A primeira, que em tempos recuados, quando vinham os forasteiros dos lados de
Alcácer se lhes perguntava onde se dirigiam, acrescentando de seguida: «se forem
mil, ides». A segunda relaciona-se também com a pergunta feita aos
forasteiros que por ali apareciam: «Ao mel ides?». A nosso ver esta última goza
de alguma verosimilhança, pois a região foi e é rica em mel, recordando-se ainda
os mais velhos que o mel seguia em carroças para o Algarve e outras zonas do
país. Mas não se pense que está encontrada a origem do topónimo Melides. Na
Galiza, por exemplo, existe ainda a devoção a um orago que se chama S. Pedro de
Melides. Estaria na longínqua Galiza, que aliás não estava afastada do berço da
nacionalidade Portuguesa, partilhando com esta toda uma identidade cultural, a
origem do nome da Freguesia? Mais uma questão em aberto
( Fonte: Freguesia de Melides).
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