Mensagens populares

sábado, 30 de março de 2013

História de Santa Margarida da Serra

Localização e características
Com cerca de 5240 hectares de superfície, a freguesia de Santa Margarida da Serra, a mais pequena do concelho de Grândola, é limitada a Norte e Este pela freguesia de Grândola, a Sul pelas freguesias de S. Francisco da Serra e da Abela, e a Oeste pela de Melides.
Situada em plena serra de Grândola, é constituída, essencialmente, por outeiros xistosos, cobertos de sobreiros, que vão declinando em altitude de oeste para este.
A sua população, constituída predominantemente por idosos, eleva-se a cerca de 300 habitantes, a que se poderão acrescentar mais duas ou três dezenas de estrangeiros e outros residentes temporários.
A aldeia de Santa Margarida da Serra, sede da freguesia, localiza-se junto da Estrada Nacional 120, que une Grândola a Santiago de Cacém, dista cerca de 7 km da sede do Concelho, e possui lavadouro, chafarizes, sanitários públicos e Centro Comunitário.
As principais actividades económicas desta Freguesia têm a ver com a produção de cortiça, a criação de gado suino e lanígero, a panificação, o artesanato e o comércio
Breve resenha histórica
A freguesia de Santa Margarida da Serra foi criada, simultaneamente, com as de Grândola e dos Bayrros, por volta de 1545, na sequência da atribuição da Carta de Vila a Grândola. No entanto, a demarcação dos seus limites, a Sul e a Oeste, remonta ao último quartel do século XIV, aquando da criação da comenda de Grândola.
A mais antiga informação que se conhece a respeito de Santa Margarida da Serra vem expressa no relatório do Mestre de Santiago, D. Jorge, que visitou a sua Ermida em 1513, e achou-a degradada. Deduz-se que, nessa data, a Ermida teria alguns anos, o que leva a admitir que a sua construção remonte a finais do século XV.
Embora faltem recenseamentos populacionais rigorosos anteriores ao século XVIII, há informações que apontam no sentido do seu progressivo aumento, entre a Idade Média e 1950. Nos finais do século XV, teria cerca de 80 habitantes e, um século depois, uns 230, distribuídos por cerca de 65 fogos dispersos.
Assistida, primeiro, por um capelão da igreja Matriz de Grândola, a paróquia de Santa Margarida da Serra foi dotada de pároco efectivo, no século XVI. A partir daí, e até aos primeiros anos do século XX, a Igreja foi a mais importante instituição da Freguesia, e o maior factor de congregação da população. Além das festas religiosas anuais, funcionaram no seu âmbito, pelo menos, duas Irmandades, a de Nossa Senhora da Saúde e a das Almas.
Sem núcleos urbanos superiores a 25 pessoas, esta Freguesia foi sempre pouco povoada. Nos finais do século XVIII tinha 420 habitantes e, cem anos depois, tinha 531, distribuídos por 125 fogos.
Até ao século XIX, o seu policiamento esteve a cargo de Quadrilhas de moradores e, entre esse período e o aparecimento da G. N. R., recaiu sobre cabos de esquadra comandados por um regedor.
A Freguesia possuiu, também, uma companhia de Ordenanças (criada em 1571 e que se manteve activa até ao século XIX), um juiz da vintena e um posto de Registo Civil (entre 1911 e 1960).
Em 1793, foram nela recenseados 112 arados.
Em 1839, estava dividida em 165 propriedades e, em 1989, o total da superfície das suas explorações agrícolas e do montado e azinhal foi avaliado em 4079 hectares.
O auge da sua produção cerealífera ocorreu na década de 40, durante a Campanha do Trigo e, em 1946, foram nela semeados 20664 quilos de trigo mole e 1171 de trigo rijo, e colhidos 98395 do primeiro e 6603 do segundo.
Em 1989, foram recenseadas 6562 ovelhas e 2585 porcos nesta Freguesia.
O seu principal núcleo populacional (Santa Margarida da Serra) só teve iluminação pública em 1934, telefone em 1962, luz eléctrica em 1963, e água canalizada em 1964.
A Freguesia atingiu o seu máximo populacional em 1940, com 1018 pessoas, dispersas por 210 fogos, número este que se foi progressivamente reduzindo até às actuais 300. Uma das consequências da perda e envelhecimento da população foi a falta de crianças, que levou ao encerramento da escola primária, criada em 1885.
Património
Nesta freguesia é de destacar a paisagem, relativamente bem preservada, com os seus outeiros cobertos de sobreiros, azinheiras, estevas, medronheiros e outras espécies indígenas.
Em termos de património edificado, são de referir a igreja multicentenária, a sede da Junta de Freguesia, o edifício escolar, o novo Centro Comunitário e as casas, muitas delas conservando a traça tradicional e as antigas características.
 

Fonte:http://www.cm-grandola.pt/

terça-feira, 26 de março de 2013

História da Aldeia de Melides

Todas as povoações têm uma história e Melides não foge a regra. Pode ser uma História que se embrenha nos longínquos séculos ou então recente de algumas dezenas de anos.
Não é este último o caso de Melides. O monumento megalítico da Pedra Branca, as Grutas da Cerca do Zambujal e do Lagar, a necrópole de Cistas de Casa Velhas são a prova da existência de civilizações naquele local há milhares de anos.
Civilização que foram deixando os seus vestígios para as gerações vindouras, que contribuíram, directamente, para o que hoje existe, como existe e porque existe.
Mas a história não é toda conhecida. Grande parte fica perdida na névoa que o tempo arrasta. Aqui e além surgem marcos que permitem recuar no tempo e abrir as portas do passado. Mas nem sempre isto é possível e algumas portas continuam irremediavelmente fechadas.
Já falámos dos monumentos neolíticos existentes e que importa proteger. Passemos agora a um passado mais recente.
Melides fez parte do concelho de Santiago do Cacém até 24 de Outubro de 1855, data do decreto que transferiu esta Freguesia para o Concelho de Grândola.
No entanto, a 22 de Dezembro de 1870 passa novamente para o Concelho de Santiago do Cacém, sendo de novo anexada ao Concelho de Grândola em 26 de Setembro de 1895, situação que se manteve.
O antigo orago desta Freguesia era Santa Marinha, cujo igreja ainda existe, embora bastante degradada, talvez um indicador que em tempos idos a povoação teria outra localização diferente da actual.
O certo é que em 7 de Novembro de 1634 surge uma carta pedindo permissão ao Rei para se construir uma nova igreja, que viria a ser o Templo Paroquial de S. Pedro, novo patrono da freguesia. Esta igreja viria a ficar totalmente destruída devido ao terramoto de 1755, sendo posteriormente reconstruída.
Mas outros motivos existem para falar de Melides. A existência dos olhos de água, a actual Fonte dos Olhos que por acção da Junta de Freguesia se está a transformar num local aprazível, deve ter contribuído para fixar ali próximo a população. Além disso o curso de água que a partir dali se formava fazia remover quatro moinhos (azenhas) durante todo o ano.
A actividade económica assenta na agricultura, existindo algumas cerâmicas e manufactura de rolhas de cortiça. Até 1833, o vinho ocupava o principal papel na produção agrícola, seguindo-se o milho, o feijão, o centeio, o trigo, e o linho. A partir de 1835, começa a ser cultivado o arroz na extensa várzea que vai até à lagoa que confina com o mar. Tinham ainda montados e olivais e extensos pinhais em que outrora se fizeram cortes para a reedificação das fortalezas do reino, como sucedeu em 1716 e 1731. Possuia muitas colmeias e criação de gado suíno e caprino.
No entanto uma outra questão se coloca a para a qual, presentemente, não existe uma resposta elucidativa. Tem a ver com o topónimo Melides. No Dicionário Coreográfico, de Américo Costa, refere-se que o nome da Freguesia resulta de uma corruptela de «Mil Lides» e que este nome lhe proveio de grandes batalhas que aqui houve em tempo antigos.
Entretanto, em conversas com o senhor Carlos Palhinhas Candeias, uma outra versão surgiu e que parece mais plausível.
Segundo ele, a sua progenitora contava por vezes naquela época já distante em que a tradição oral substituía a televisão e prolongava no tempo as histórias havidas, a origem do nome da terra. São duas as versões.
  A primeira, que em tempos recuados, quando vinham os forasteiros dos lados de Alcácer se lhes perguntava onde se dirigiam, acrescentando de seguida: «se forem mil, ides».
A segunda relaciona-se também com a pergunta feita aos forasteiros que por ali apareciam: «Ao mel ides?». A nosso ver esta última goza de alguma verosimilhança, pois a região foi e é rica em mel, recordando-se ainda os mais velhos que o mel seguia em carroças para o Algarve e outras zonas do país. Mas não se pense que está encontrada a origem do topónimo Melides. Na Galiza, por exemplo, existe ainda a devoção a um orago que se chama S. Pedro de Melides. Estaria na longínqua Galiza, que aliás não estava afastada do berço da nacionalidade Portuguesa, partilhando com esta toda uma identidade cultural, a origem do nome da Freguesia? Mais uma questão em aberto
( Fonte: Freguesia de Melides).

domingo, 24 de março de 2013

Evolução Histórica de Grândola


Dos primórdios ao fim da época medieval
De acordo com as escavações e estudos até agora realizados, a presença humana no território grandolense remonta, pelo menos, ao Mesolítico, período a partir do qual existem estações arqueológicas de quase todas as épocas posteriores.
De realçar que, na Antiguidade, o período Romano foi, muito possivelmente, aquele em que o espaço grandolense atingiu os maiores índices de povoamento e desenvolvimento económico e social.
Após a formação do espaço nacional, o território ficou a pertencer ao termo de Alcácer do Sal e, na sua maior parte, à Ordem Militar de Santiago da Espada.
A primeira medida, que abriu a porta à posterior instituição do concelho e ao desenvolvimento deste espaço, foi a criação da comenda de Grândola, por volta de 1380 (no reinado de D. João I). Na sequência deste acontecimento, e da política de povoamento levada a efeito pelos reis e pela Ordem de Santiago, o território grandolense começou a progredir. Foram distribuídas terras, edificadas as primeiras ermidas e moinhos, e o lugar da Gramdolla adquiriu o estatuto de aldeia.
Nos finais da época medieval, a aldeia de Grândola tinha cerca de 150 habitantes, e a Comenda, no seu conjunto, cerca de 900, distribuídos por cerca de 220 fogos.
Do princípio de Quinhentos a finais do século XIX
Em franco progresso, a população da Comenda solicitou, a D. João III, que atribuísse a Grândola a Carta de Vila e a libertasse da tutela de Alcácer do Sal, o que veio a suceder a 22 de Outubro de 1544.
Na sequência desta atribuição, foi criado o Concelho (no espaço da Comenda) que foi dividido em três freguesias: Grândola, Bayrros e Santa Margarida da Serra. (De referir que, entre 1544 e 1855, o Concelho era menos extenso e interior).
Com a autonomia municipal, o Concelho entrou numa fase decisiva da sua História, e passou a dispor de dois juízes ordinários, três vereadores, um procurador, dois almotacés, um escrivão, três tabeliães, um juiz dos órfãos, um alcaide-pequeno, várias Quadrilhas (com funções de polícia) e três companhias de Ordenanças.
Até finais do século XVI, a Vila viu surgir algumas construções emblemáticas, como os paços do concelho, a cadeia, o pelourinho, o 1.º hospital, o celeiro da comenda, a Santa Casa da Misericórdia e algumas ermidas e igrejas. Há, ainda, notícia de, em 1579, ter sido instituído um celeiro comum, que funcionou até cerca de 1880, e teve como função o empréstimo de cereais para sementeira a lavradores pobres, e a juros reduzidos.
Por volta de 1600, a população do concelho rondava as 1550 pessoas, e Grândola, principal núcleo urbano, tinha cerca de 480 (distribuídas por 120 fogos). Progressivamente, nos dois séculos seguintes a população aumentou e, em 1798, foram recenseados cerca de 4000 habitantes, distribuídos por cerca de 977 fogos.
Em termos económicos, continuaram a prevalecer as actividades tradicionais, nomeadamente a cerealicultura, a vitivinicultura (na várzea de Grândola), a pecuária e a caça. No que se refere a indústrias, há que realçar a moagem, a tecelagem, a construção civil, a produção de vestuário e calçado e, em menor escala, a tanoaria, a olaria e a cerâmica.
Na 2.ª metade do século XIX apareceram duas actividades que alteraram o perfil económico e social do Concelho: a indústria mineira (com início em 1863 no Canal Caveira e mais tarde no Lousal) e a indústria corticeira.
O comércio, ligado essencialmente às actividades económicas tradicionais e à transacção de bens de primeira necessidade, foi outra das actividades que teve um desenvolvimento progressivo, ainda que lento. Em 1513 já havia uma estalagem no Concelho (na Anisa) e as primeiras feiras anuais, a de Santo António e a de S. Lourenço, começaram a realizar-se a partir de 1642.
De realçar, que em 1855, decorridos mais de quatro séculos sobre a sua criação, o Concelho viu aumentado o seu território, com a anexação das freguesias de Melides e de São Mamede do Sádão, e as suas fronteiras atingirem o litoral.
Na sequência desta anexação e das alterações económicas e sociais entretanto verificadas, a população continuou a aumentar. Em 1864, foram-lhe atribuídos 5553 residentes, distribuídos pelas suas quatro freguesias (Azinheira dos Barros e São Mamede do Sádão, Grândola, Melides e Santa Margarida da Serra), em 1890 o seu número aumentou para 6887 e, em 1900, para 7539.
Século XX
Na história deste concelho, o século XX foi, sem dúvida, aquele em que se verificaram as mais significativas mudanças económicas, demográficas e sociais.
Ao nível da Agricultura assistiu-se ao incremento da cultura de cereais, nomeadamente do trigo, fomentada pela política proteccionista e ruralista do Estado Novo, que teve o seu auge durante a chamada Campanha do Trigo.
Nas várzeas de Melides e do Carvalhal, adquiriu crescente expressão a cultura do arroz.
Beneficiando da construção da linha férrea do Vale do Sado, a indústria corticeira ganhou um novo impulso, e surgiram dezenas de fábricas de diversa dimensão (a maior, de Inocêncio Granadeiro, chegou a ter mais de 300 trabalhadores).
Se bem que as minas da Caveira tivessem entrado em declínio e encerrado, as do Lousal, sob a égide do grupo Mines et Industries, criado em 1936, aumentaram os níveis de exploração, e fizeram do local um pólo de desenvolvimento que, em 1960, atingiu cerca de 2 000 habitantes.
Devido a este surto de crescimento económico, instalaram-se no Concelho milhares de pessoas, que fizeram disparar os índices demográficos. Assim, a população, que atingia as 7801 pessoas em 1900, subiu sucessivamente para 10246 em 1911, 11159 em 1920, 13677 em 1930, 17566 em 1940, e 21216 em 1950, ano em que foi atingido o máximo demográfico.
Com o aumento do número de trabalhadores rurais, operários e mineiros, a elevação da consciência política, o agravar das condições de vida e a repressão salazarista, vieram as greves e outras manifestações populares. Foi elevado o número de pessoas detidas por razões políticas, o que trouxe a Grândola a fama de terra revolucionária.
O aumento populacional contribuiu, ainda, para o aparecimento de Associações culturais, desportivas e recreativas, nomeadamente na sede do Concelho e, entre elas, a Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense, que inspiraria a José Afonso a célebre canção Grândola Vila Morena.
Após décadas de crescimento e desenvolvimento, o Concelho viu abater-se sobre si o espectro de uma grave crise, que desmantelou as suas principais estruturas económicas e de suporte social.
O fim do proteccionismo e dos incentivos contribuiu para a diminuição da produção de cereais e do número de agricultores, o que levou ao despovoamento progressivo das zonas rurais do Concelho.
A indústria corticeira, sob a pressão da concorrência dos grandes grupos económicos do sector, viu encerrar as suas fábricas e tornou-se residual.
A extracção mineira, que atingiu no Lousal o seu auge entre as décadas de 40 e 60, deixou de ser rentável, o que levou ao encerramento das minas em 1988. Devido a esse facto, a povoação mineira sofreu uma drástica redução populacional, e ronda hoje os 300 habitantes.
Devido a este conjunto de acontecimentos e, ainda, à repressão política e às guerras coloniais, uma parte significativa da população migrou (península de Setúbal, Lisboa, França, Alemanha e Luxemburgo foram os principais locais de destino). De 21060 habitantes recenseados em 1960, o Concelho passou para 15525 em 1970, 16042 em 1981, e 14417 em 1991. Em concomitância com esta redução, verificou-se a diminuição do número de jovens (e o encerramento de muitas escolas), de trabalhadores activos, e o aumento dos índices de envelhecimento.
Com o advento do 25 de Abril de 1974 e as alterações político-sociais daí decorrentes, o Concelho entrou numa nova fase da sua História. Com a Democracia, o poder autárquico adquiriu nova expressão, e introduziu alterações a nível dos equipamentos sociais, que vieram melhorar significativamente a vida da generalidade da população.
Esgotados os anteriores, surgiram paradigmas económicos mais consentâneos com as novas realidades. De concelho agrícola, operário e mineiro, Grândola tem vindo, paulatinamente, a transformar-se num espaço de desenvolvimento turístico e de oferta de serviços, apostado na preservação ambiental e na oferta cultural.
Sustido o declínio, tem-se verificado, nos últimos anos, um aumento populacional e prevê-se que os grandes investimentos em curso e a crescente procura turística conduzam ao acentuar deste aumento nos anos que se avizinham.

Assim, devido à sua localização geográfica, à diversidade e preservação da sua paisagem, à qualidade das suas vias de comunicação, aos investimentos em curso e ao empenho dos seus habitantes, Grândola é, seguramente, um dos concelhos alentejanos com maiores potencialidades de desenvolvimento.